domingo, 16 de novembro de 2008

Prosa e Poesia!!!!!


Há um poema meu, de nome "Alvorada", que nasceu com uma frase:

Uma fina luz desceu do céu e desfez o véu de névoa que me envolvia. Até a lua, que era fria, se aqueceu..."

Julguei que as paronomásias estavam perfeitas (sem falsa modéstia, rs!), mas quando fui dispor em versos — e um poema precisa justificar-se em versos, não é só o caso de escrever prosa pulando linha arbitrariamente! —, surgiu um problema: a melhor maneira que encontrei, foi dispô-lo redondilhas maiores (versos de 7 sílabas), pois a primeira estrofe ficava bem assim, num terceto.

Uma fina luz desceu
do céu e desfez o véu
de névoa que me envolvia"

Só que a segunda estrofe não cabia em redondilhas, só em 8 sílabas!

Até a lua, que era fria,
se aqueceu"

e eu ainda teria que jogar um verso incompleto para baixo.

Está vendo que angustiante?!

Por fim, para resumir, tive que fazer um "malabarismo métrico" (rsrs) para resolver isso: dispus uma estrofe em redondilhas, e outra em "8-7-8" sílabas, e fui assim até o final.

Veja como ficou:

ALVORADA

Uma fina luz desceu (7)
do céu e desfez o véu (7)
de névoa que me envolvia. (7)
Até a lua, que era fria, (8)
se aqueceu e fez em mim (7)
nascer um sol primaveril. (8)
Era abril, o mês cruel (7)
de Eliot, mas não o meu, (7)
que juvenil me alegrava (7)
por todo o dia. A poesia (8)
de soslaio me sorria, (7)
as musas sopravam-me versos (8)
sobremaneira, e Vênus (7)
desferia-me seus golpes (7)
de maneira extravagante. (7)
Mas a mim cabia guardar (8)
a paz e a pura harmonia (7)
que moram num coração puro. (8)
Cabia a mim preservar, (7)
em movimento seguro, (7)
o rio do curso do mar. (7)

Viu só como dá um trabalho violento?!

E ainda querem que eu escreva prosa. Eu, hein!

Por: Paulo Cruz é pai.
marido, filho, amigo. Apaixonado por literatura, sobretudo teologia,
filosofia, poesia e romances (principalmente os clássicos).
Alguém que ainda acredita em valores absolutos!


Angel

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