sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Quando Não Há Mais Tempo Pra Nada

havia uma gota de solidão naquele mar de gente
e a bolha já não era capaz de conservar o ar puro
havia uma gota de gente naquele mar de solidão
e a bolha ficava cada vez menor
a força pura já não era capaz de preservar o ar

haviam olhos que não viam mais
lugares insólitos, cheios de condenações e regras
e palavras eram silêncios sufocados dezenas de vezes
a sensação era náusea
o cheiro de fumaça e um gosto amargo

por isso não queira que eu diga o que eu acho
se o que eu acho será desimportante dois dias depois
por mais que eu explique, por mais que diga-me que sabe o que eu quero dizer
vai acabar em piada num momento de ira
como se nada houvesse sido dito antes
e com o ódio e a aspereza de quem acha que tem toda razão

havia um mar de sinceridade naquela cela demente (naquela pequena gota de um mundo outro)
o sabor de paredes sujas e lembranças minuciosas do que antes não valia nada
como sempre acontece, o sentido certo só consegue ser visto no último segundo antes do fim (quando não há mais tempo pra nada)
antes disso, as razões multiplicam-se e os passos seguem, cegos, sempre
sem que façam a menor idéia de que não existe nenhuma razão pra isso tudo
e sequer imaginem que uma gota de sentimento puro poderia desequilibrar o ambiente todo

(a nosso favor, o que é fundamental dizer)

angel

Um comentário:

Laais Santos disse...

Comecei a pouco tempo fazer o curso de pedagogia,então esse blog vai ser muito util pra mim, muito enterresante.